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segunda-feira, 15 de abril de 2013

A moda


As variações da sensibilidade sob a influência das modificações do meio, das necessidades, das preocupações, etc., criam um espírito público que varia de uma geração para outra e mesmo muitas vezes no espaço de uma geração. 

Esse espírito publico, rapidamente dilatado por contacto mental, determina o que se chama a moda. 

Ela é um possante factor de propagação da maior parte dos elementos da vida social, das nossas opiniões e das nossas crenças. Não é só o vestuário que se submete às suas vontades. 

O teatro, a literatura, a política, a arte, as próprias idéias científicas lhe obedecem, e é por isso que certas obras apresentam um fundo de semelhança que permite falar do estilo de uma época.

Em virtude da sua acção inconsciente, submetemo-nos à moda sem que o percebamos. 

Os espíritos mais independentes a ela não se podem subtrair. São muito raros os artistas, os escritores que ousam produzir uma obra muito diferente das ideias do dia.

A influência da moda é tão pujante que ela obriga-nos, por vezes, a admirar coisas sem interesse e que parecerão mesmo de uma fealdade extrema, alguns anos mais tarde. 

O que nos impressiona numa obra de arte é muito raramente a obra em si mesma, porém a ideia que os outros formam dela, e isso explica por que o seu valor comercial sofre enormes mudanças. 

Vê-se, muitas vezes, a moda impor coisas inverossímeis e manifestar-se em coisas tão abstratas e, aliás, tão ilusórias, como a criação de uma língua, a reforma da ortografia, etc. 


Gustave Le Bon- França, 1841 -1931